quarta-feira, 18 de julho de 2012

ATERRA WAVECHALLENGE SUÉCIA- JOÃO RUIVO SANTOS EM 3º LUGAR


O português João Ruivo Santos do  Clube Naval de Sesimbra alcançou um excelente 3º lugar no passado fds na regata   ATERRA WAVE CHALLENGE em Helsinborg – Suécia.

A regata teve início na vila de Viken com largada em direcção ao farol “Svinabadan” e depois viravam em downwind até uma bóia de viragem a 2 km da meta na praia de “Fria Bad” em Helsinborg, num total de 18km.

O João que tem evoluindo muito em  Downwind nos últimos 2 anos, fez a maior parte da prova em 2º lugar, aproveitando as ondas para surfar e ganhar vantagem mas acabou por perder uma posição nos últimos 2 km da prova quando as ondas estavam de lado, no percurso da bóia de viragem para a praia.

Com este resultado conseguimos mais uma medalha portuguesa em provas internacionais de surfski o que demonstra que continuamos no bom caminho.

A regata foi ganha pelo grande campeão sueco Tommy Karls e podem ver a lista completa de classificação aqui.

O João utilizou um surfski do construtor australiano Carbonology, modelo  Atom que é um pouco mais curto, com 5,90 metros e diz que se sentiu bem a surfar as ondas curtas que apanhou no percurso.

Daqui a duas semanas já tem marcada nova competição de 15km na Suécia. Ficamos a aguardar boas notícias.

João Ruivo e Tommy Karls no Eurochallenge em Villajoysa - Alicante, Maio 2012


sábado, 7 de julho de 2012

I RAIDE DE KAYAKS DE MAR – ESPOSENDE 2012


No dia 29 de Julho vai realizar-se o 1º Raide de Kayaks de Mar – Rio Neiva – Rio Cavado, com partida na foz do rio Neiva e chegada a Esposende.

O percurso de 10 km com largada e chegada em locais diferentes é uma excelente ideia da organização que está atenta às novas tendências da canoagem de mar. Vai ser uma oportunidade para usar os surfskis em competição e de certeza que vai ser possível tirar partido dos surfskis para aproveitar o ventos dominantes de N, NW que sopram naquela zona.

O percurso e é todo feito ao largo do Parque Natural do Litoral Norte e é espectacular. Podem ver a ficha técnica da prova aqui.

As inscrições podem ser feitas através do site da Federação Portuguesa de Canoagem para os atletas federados ou através da Câmara Municipal de Esposende para os não federados pelo email: desporto@cm-esposende.pt .

Mais pormenores acerca das inscrições e do jantar e almoço convívio aqui.


Resultados finais aqui.

INICIAÇÃO AO SURFSKI – EQUIPAMENTO DE SEGURANÇA


Para além do equipamento essencial que já falámos aqui, consoante a distância que vamos fazer, o local e as condições do tempo e do mar, devemos utilizar mais equipamento que garanta uma utilização segura do surfski.

Das conversas que vou tendo com o pessoal que anda de surfski, por vezes aparece sempre um céptico que acha que é equipamento a mais e que não é necessário. Eu fui um dos cépticos durante algum tempo mas depois de passarmos por alguns “apertos” chegamos à conclusão que não é necessário correr riscos.

No surfski nós queremos ondas criadas pelo vento e para isso temos de nos afastar da costa. Estando a remar ao largo ficamos mais vulneráveis do que se estivermos num estuário ou a remar junto à praia. Imaginem que partem um cabo de leme ou a pagaia e estão sozinhos a 2 km da costa, com vento offshore (de terra para o mar). Em menos de 1 hora o vento leva-nos para muito longe da costa. Não custa nada.

Telemóvel:

Levar o telemóvel dentro de uma bolsa estanque. No dia em que estiverem em apuros vão ver que telemóvel é essencial. Não se esqueçam de ir às definições do telemóvel (ANTES de ir para a água) e por em modo “altifalante” e de saber para quem vão ligar em caso de emergência. Um amigo que esteja em terra ou que faça parte do grupo que está convosco na água ou o piquete da Polícia Marítima.

Bolsa estanque

Flares ou Facho Sinalizador:

Os flares são sinais visuais de socorro utilizados no mar, qualquer embarcação que navegue fora das barras deve ter sempre 2 fachos de mão. A Polícia Marítima é bastante condescendente em relação a isto porque normalmente o pessoal anda junto à costa mas quando andamos ao largo o que é frequente nas sessões de downwind não devemos prescindir de equipamentos de salvamento e sobrevivência que envolvam alerta e sinalização e devemos ter um no surfski. Ao accionar eles produzem uma queima emitindo luz encarnada brilhante visível a grande distância, durante cerca de 1 minuto.
Não pesam nada, colocam no vosso colete e até se esquecem que lá está.
Roupa:

No surfski, por ser um kayak sit-on-top, ficamos muito expostos. É importante termos equipamento adequado para nos proteger do frio e o calor.

Para o frio e vento é bom um fato de neopreno com alças. Protege-te as pernas e o tronco do frio e não te restringe o movimento de remada. Existem boas opções na Decathlon a preços acessíveis.
Para o sol e calor umas calças e camisolas de Lycra são suficientes. Claro que queremos sempre aproveitar para nos bronzear, o que é justo, mas tenham cuidado se forem remar muitas horas, especialmente com muito calor e vento porque o sol rebenta com a pele. Não se esqueçam que as queimaduras de sol são passageiras mas os seus efeitos a longo prazo não são porque a pele não esquece os escaldões que sofre ao longo da vida.

Hidratação:

Sobre os benefícios de uma boa hidratação podem ler aqui neste site e não consigo acrescentar mais nada, apenas reforçar que é importante levarmos sempre água ou outro líquido hidratante.
A melhor forma de levar a água é numa  bolsa tipo Camelback. Podem colocar a bolsa de água no colete e o tubo preso na alça para evitar terem de parar de remar cada vez que bebem água. Também podem fixar a bolsa de água ao surfski, nos elásticos atrás ou à frente do finca-pés. Neste caso vão ter de trocar o tubo original por um mais longo. Podem comprar esse tubo no AKI na secção da jardinagem ou em lojas que vendam material para aquários.
Tenham sempre o cuidado de prender o tubo junto à boca porque se o tubo for solto podem perder a água toda sem se aperceberem.

Bolsa de água

Para além do que falámos usem protector solar q.b. e chapéu. Sofrer uma desidratação em pleno mar não é nada agradável.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

INICIAÇÃO AO SURFSKI – EQUIPAMENTO ESSENCIAL



O equipamento essencial para a prática do surfski é o próprio surfski, claro, uma pagaia, um leash e um colete de flutuação.

SURFSKI

Sobre a escolha do surfski podem ver mais detalhes aqui. Quero apenas reforçar esta ideia: experimentar antes de comprar. Não comprem nada sem experimentar porque o surfski pode não servir para o vosso tamanho ou podem não ter equilíbrio suficiente para o modelo.

Cada vez há mais gente a pagaiar de surfski e começamos a ver algumas propostas interessantes no mercado de 2ª mão. É uma boa opção para quem se está a iniciar. No facebook existe a página Kayaks– vendas e trocas de usados, dedicada ao material de canoagem em 2ª mão, façam uma visita.

PAGAIA

A escolha da pagaia, tal como a escolha do surfski, só tu a podes fazer. Não existe uma pagaia perfeita. O modelo que é do agrado de uns pode não ser do agrado de outros.
Para te ajudar vamos indicar as variáveis que podem influenciar a tua decisão.

Comprimento: A pagaia de surfski é mais curta que a do K1 de competição e de kayak de mar. Em K1 a maioria dos atletas utiliza entre 215 e 219 cm, enquanto que no surfski a maioria utiliza 208-215 cm, incluindo os atletas de topo com mais de 1,80 mts.

É consideravelmente mais curta do que as pagaias para kayak de mar e para K1 de competição porque no surfski vamos sentados muito abaixo da linha de água e por isso não precisamos de uma pagaia tão comprida. E também porque o tipo de utilização obriga a uma pagaia que permita alterações frequentes e muito rápidas de ritmo (sprint-descanso-sprint-descanso quando vamos em downwind).

A largura do surfski também afecta o comprimento da pagaia. Quanto mais largo for o surfski mais comprida terá de ser a pagaia (dentro do limite de 215cm). Uma pagaia maior permite remar sem bateres com as mãos no surfski o que é mais confortável. Uma pagaia muito curta vai exigir algum esforço para colocar a pá toda na água.

O estilo de remada também condiciona o comprimento. Se a nossa cadência de remada for rápida uma pagaia mais curta ajuda. Se a nossa remada for mais pausada, com menos cadência, uma pagaia mais comprida vai exigir menos esforço.

Formato da pá: o melhor é o formato wing que parece a asa de um avião. Quanto aos tamanhos e modelos existem ainda mais do que os modelos de surfskis e todos os construtores portugueses têm ofertas para vários gostos. Por norma são utilizadas pás grandes para distâncias curtas e pás mais pequenas para longas distâncias. No surfski utilizam-se pás pequenas para longa distância porque ajudam nas alterações de ritmo necessárias para surfar as ondas. Algo entre os 680 e os 750 cm2 é o ideal.

Exemplo de várias pagaias


Tubo: Existem 2 tipos. Inteiros e com sistema. O sistema tem a vantagem de permitir mudar o tamanho da pagaia e o ângulo das pás. O tubo inteiro tem a vantagem de não precisar de manutenção.


Exemplo de sistema

Construção: Há pagaias de madeira, fibra de vidro, carbono, alumínio e plástico. Vamos simplificar a escolha. Quanto mais leve a pagaia for mais fácil será remar com ela e ao fim muitos km’s uma pagaia leve vai fazer muita diferença
.
As pagaias de carbono são as mais leves e porque são muito resistentes duram bastante tempo (vários anos). Custam um pouco mais mas a diferença de preço por vezes compensa. Para o surfski o ideal é uma pagaia com pás de carbono e tubo de fibra de vidro ou um misto de fibra de vidro/carbono.

E para finalizar sobre a escolha da pagaia podem utilizar um teste disponível na página da EPIC  chamado Paddle Wizard que indica a melhor pagaia consoante as nossas características. Se não quiserem comprar dessa marca, basta adaptar as características da pagaia sugerida aos modelos que existem no nosso mercado (ou outro).

LEASH

Um leash é um cabo que te prende ao surfski à semelhança do surfista que está sempre preso à prancha de surf. É constituído por uma cinta que se prende à perna (geralmente entre o joelho e o gémeo) e por um cabo que fica preso ao surfski – normalmente ao foot-strap ou a um ponto de amarração próprio para esse efeito.


Exemplo de Leash preso ao surfski

É um elemento de segurança essencial no surfski porque caso te vires no mar com vento e ondas, vai permitir que fiques sempre agarrado ao surfski. Caso não uses um leash e te vires podes facilmente perder o surfski e ficar a boiar longe da costa agarrado à pagaia. Quem já passou por essa experiência sabe que nadar com uma pagaia não é nada fácil.

Lembra-te sempre que os surfskis são barcos grandes e estanques. Se te virares num kayak “normal” ele mete um pouco de água, fica mais pesado e perto de ti, os surfkis, pelo contrário, não têm poço e não metem água e quando são “pegados” pelo vento, nunca mais os vês.

Há quem use leash também para a pagaia – liga o tubo da pagaia ao surfski.  Eu uso apenas um leash para o surfski porque sempre fui ensinado que o canoísta nunca larga a sua pagaia e fiquei sempre com esse hábito. A maioria dos modelos vendidos em Portugal, já começa a trazer um local próprio para prender o leash.

Tens leashes disponíveis aqui e também podes encontrar na Decathlon e Sport Zone a preços acessíveis.

COLETE DE FLUTUAÇÃO

O colete de flutuação é obrigatório e não deves usar apenas quando o mar “está mau”. Deves usar sempre. Não deveria ser necessário dizer as vantagens mas aqui ficam algumas, caso caias à água: ajuda-te a descansar se não conseguires voltar a subir logo; mantém-te a cabeça fora de água em caso de mar muito picado; tem um efeito psicológico se fores enrolado nas ondas de rebentação porque sabes que vens à tona mais rápido. Para cairmos basta uma distracção ou até uma indisposição. Usem!!   

Deve ser um modelo próprio para a canoagem que não te restrinja o movimento de remada. De preferência ter uma cor viva que se veja bem na água e uma bolsa para colocar o teu equipamento de segurança: telemóvel, apito e água. Sobre o equipamento de segurança vamos falar noutro artigo.

Os construtores portugueses vendem coletes próprios para a canoagem e a Decathlon e Sport Zone também têm vários a bom preço. 



segunda-feira, 2 de julho de 2012

QUE SURFSKI DEVO ESCOLHER?


Pode parecer simples mas a escolha do surfski pode tornar-se uma verdadeira dor de cabeça. Depende de vários factores. Vamos tentar identificar a maior parte deles.

Em primeiro lugar existe uma enorme variedade de surfskis no mercado. Na sua última contagem em Abril de 2012, o site Global Surfski identificava 117 (!) modelos diferentes de 38 construtores. Para tentar facilitar a escolha vamos analisar apenas os modelos que se fabricam em Portugal. 

Nós, canoístas portugueses, somos uns sortudos porque, para além do líder mundial de kayaks de competição - NELO Kayaks - temos várias marcas que vendem qualidade a preços razoáveis: ELIO, SIPRE e ZEDTECH.

A teoria diz que quanto mais largos os barcos são, mais lentos se tornam e quanto mais compridos, mais rápidos, por isso, vamos dividir os 15 modelos de surfski, disponíveis no nosso mercado, por 2 tipos:

(1) ESTAVEIS

(2) PERFORMANCE.

ATENÇÃO: Esta divisão é apenas para agrupar os surfskis. Os mais “Estáveis” não são necessariamente mais lentos que os “Performance”, nem estes são necessariamente mais rápidos. Tudo depende das capacidades de cada um e das condições onde os vamos utilizar. Para terem uma ideia de como os surfski “Estáveis” são rápidos em downwind, recordo que o recorde de prova do Molokai pertence a Dean Gardiner desde 1997 com 3:21:06 utilizando um modelo semelhante aos do grupo dos “Estáveis”.

Na teoria temos então que os mais compridos são os mais rápidos, sim!

Na prática temos que equacionar ainda o nosso equilíbrio e onde vamos utilizar o surfski. Se eu remar a maior parte das vezes numa baía protegida do vento onde não se levantam ondas, não terei de me preocupar muito com a estabilidade mas se eu viver na Póvoa do Varzim e não gostar de pagaiar no porto marítimo, então preciso de um surfski mais estável para enfrentar aquele mar batido pela nortada ou então tenho de desenvolver bem as minhas capacidades técnicas.

ESTAVEIS
CONSTRUTOR
MODELO
COMP. (Metros)
LARGURA (Metros)
5,80
0,48
5,20
0,55
5,20
0,55
5,78
0,48
6,20
0,47
5,90
0,45

Se te vais iniciar na modalidade ou se tens pouca experiência de mar, um dos barcos da tabela dos “Estáveis” é o indicado para ti.

Que surfski da tabela deves escolher? Isso é uma decisão que apenas tu podes tomar. 
Por muitas opiniões que te deem, aquilo que serve para uns não serve necessariamente para outros. Tens de verificar se cabes no assento ou se ficas muito à larga; o comprimento das pernas – se consegues uma posição confortável ou se as tuas pernas simplesmente não cabem no surfski; o conforto (nem todos nos sentamos da mesma maneira e alguns formas de assento simplesmente não servem para nós).

Como vês há uma série de fatores a ponderar e a única forma de saberes qual o melhor para ti é mesmo experimentando o maior número possível de surfskis.

Se és um canoísta experiente em K1 e não tens problemas de equilíbrio, a escolha óbvia seria um surfski da tabela dos “Performance”, no entanto se não tens experiência de mar tens também de equacionar onde vais usar o surfski a maior parte do tempo. Se fores remar em zonas com muito vento e ondas grandes é de considerar um surfski mais estável que te permita ganhar confiança e desenvolver as tuas capacidades de downwind sem estares sempre com receio de cair do barco.

Imagina que estás a remar de K1 num rio com muita corrente e redemoinhos e tens de fazer pagaiadas circulares constantemente e até alguns apoios e não consegues apurar bem a tua técnica nem consegues aplicar a tua força. É exatamente isso que acontece no mar quando não nos sentimos à vontade, as ondas provocam desequilíbrio e vamos sempre a pensar na estabilidade ser conseguir aplicar a nossa técnica e força. E se não consegues aplicar técnica nem força, não vais sequer pensar em surfar ondas e lá se vai a arte do downwind.

PERFORMANCE
CONSTRUTOR
MODELO
COMP. (Metros)
LARGURA (Metros)
MAZU PRO I
6,27
0,42
MAZU PRO ELITE
6,44
0,435
MAZU L
6,55
0,43
NELO 560
5,60
0,43
OceanSki M, L
6,40
0,42
OceanSki XXL
6,40
0,44
OceanSki Vintage
6,40
0,45
VORTEX
6,45
0,42
VORTEX +
6,42
0,44
DOMINATOR
6,58
0,43
LIGHTNING
6,50
0,43

Se já tens horas suficientes num surfski mais estável ou tens alguma experiência de mar não vais ter problemas em escolher um surfski da tabela dos “Performance”.

Que surfski da tabela deves escolher? Bom, aplica-se o mesmo para os “Estáveis”, tem tudo a ver com a posição, as medidas, o conforto e até o gosto pessoal. Experimenta o máximo que conseguires, para decidir sensatamente.

Boas ondas e boas pagaiadas!

domingo, 1 de julho de 2012

DOWNWIND COM OSCAR CHALUPSKY - Perguntas & Respostas


Para quem anda neste mundo do surfski o nome Oscar Chalupsky dispensa apresentações. Aos 49 anos o sul-africano é um mito vivo da canoagem. Vencedor por 12 vezes do Molokai, a travessia de 52 km do Canal de Kaiwi da ilha de Molokai para a ilha de Oahu no Hawaii, considerado para muitos um verdadeiro campeonato do mundo, incluindo uma vitória impressionante em 2012 contra o australiano já campeão olímpico Clint Robinson. Fica aqui um artigo com perguntas e respostas sobre a técnica que ele aplica para surfar. Espero que vos ajude!


Oscar Chalupsky - Molokai 2012

PAGAIAR A FAVOR DO VENTO – DOWNWIND COM OSCAR CHALUPSKY

Com persistência e horas suficientes no surfski, os canoístas iniciados podem desenvolver muito depressa as suas capacidades e confiança para pagaiar em mar aberto. Antes mesmo de ficarem viciados no windguru, para saber a direção e velocidade do vento que define onde e como vamos pagaiar.

Assim que, progressivamente, fores quebrando as barreiras da estabilidade no oceano, vais passar a concentrar-te na verdadeira arte do surfski: pagaiar em downwind (a favor do vento). Sendo uma das formas mais dinâmicas da canoagem, pagaiar em downwind requer força, preparação e uma técnica apurada. E essa é a parte mais fácil!

O mais importante e talvez o mais difícil de conseguir é a capacidade de perceber o mar e as ondas. Não há músculo ou capacidade aeróbica que consiga superar um experiente canoísta de mar no que diz respeito a surfar a favor do vento (downwind). Para reforçar este ponto relembro o que o canoísta húngaro Zsolt Szadavski disse na sua transição da pista para a canoagem oceânica num surfski: “O meu maior desafio tem sido libertar-me das minhas noções de como fazer bem. Na pista a tua capacidade física e o treino levam-te para a vitória. Para conseguires ter sucesso no surfski eu apercebi-me que tens de aprender a utilizar a energia do oceano em vez de confiares apenas na tua força. Pode parecer irónico mas muitas vezes quando vou em mar aberto eu tenho de abrandar para conseguir aproveitar ao máximo.”

Então como podemos aproveitar ao máximo? Quando devemos aplicar toda a nossa força e quando devemos abrandar? Onde posicionamos o surfski na onda para maximizar a surfada e onde devemos estar para fazer a ligação para a onda seguinte? Tal como nas outras modalidades da canoagem, o tempo que passamos no surfski é muito importante. O nosso instinto tem um papel muito importante para perceber as ondas, que podemos apurar passando muitas horas nas ondas. No entanto algumas dicas do Oscar Chalupsky fazem toda a diferença!

Se estás decidido a pagaiar em mar aberto e queres evoluir as tuas capacidades em downwind, aqui ficam alguns conceitos básicos que tens de trabalhar quando apontas o teu surfski a favor do vento.


Oscar Chalupsky - Durban 2008

CONSELHOS PARA DESENVOLVER A TECNICA DE DOWNWIND: Perguntas & Respostas com Oscar Chalupsky

Na tua opinião qual é a capacidade mais importante de um canoísta de downwind?
Eu diria que é vital aprenderes a posicionar o surfski no topo da onda. Se não consegues colocar-te no melhor ponto da onda, perdes todo o alicerce do que é surfar a favor do vento.

Qual é o erro mais comum que vês nos canoístas a surfar em downwind?
O maior problema que eu vejo nos canoístas iniciados ou intermédios é que frequentemente pagaiam com demasiada intensidade. Isto pode parecer contraintuitivo mas quando apanhas uma onda, pagaiar com força pode ser muito prejudicial e até travar a tua progressão. Também vejo que muitos downwinders em desenvolvimento muitas vezes estão tão concentrados a surfar uma onda que acabam por perder a sua linha/direção em relação à chegada. E é muito fácil isso acontecer quando seguimos sempre a mesma onda.

Qual a pergunta que te fazem mais vezes sobre pagaiar em downwind?
Não existe uma pergunta que se destaque mas frequentemente eu oiço alguma confusão sobre o que eu faço quando estou numa onda. Também é frequente alguns canoístas simplesmente quererem saber como encontrar as ondas, questionando-se porque perdem aquilo que os outros estão a surfar.

Quando procuramos ondas, para onde devemos direcionar a nossa atenção? Devemos olhar para os lados ou diretamente para a nossa frente?
Ok, este é um dos 4 princípios em que tenho sempre em atenção quando vou em downwind: o quadrante de 90 graus. Tens que olhar para as ondas num quadrante de 90 graus à tua frente, usando a linha de chegada como o centro (45 graus para cada um dos lados da chegada). Eu foco-me sempre em 4 princípios quando remo em downwind:

·         Onde está a linha de chegada – mantendo-a sempre à vista
·         Procura apenas as ondas que estejam no teu quadrante de 90 graus
·         Controla os adversários
·         Controla o teu GPS


O que procuras exatamente numa onda?
É muito simples, procuro ondas que afundem a frente do meu surfski. Qualquer boa onda o faz, por isso o mais importante é que tens de te colocar na crista da onda (no topo) e percorrer a onda como um surfista, que é a cruzar a onda e não descer diretamente pela onda abaixo.

Procuras só uma onda ou tentas formar um percurso para ligar duas ou 3 ondas?
A primeira parte é crucial: estares alinhado exatamente a 90 graus com a onda quando a vais apanhar, porque assim só tens de pagaiar à mesma velocidade dessa onda. Se estás a tentar apanhar uma onda na diagonal, vais ter de pagaiar com mais força e mais depressa. Assim que estás na onda podes baixar o ritmo e começar a analisar o quadrante à tua frente para a próxima onda e conseguires fazer a passagem para essa onda. Lembra-te que tens que te manter no topo da onda (crista) e quando vires outra onda para apanhar, deixaste descer na onda e cruzas na direcção da próxima. Mantém sempre este princípio em mente.

Quando vês a próxima onda que queres apanhar, quando aplicas a força?
Tu deves aplicar força na pagaiada sempre que sentes a frente do teu surfski a subir e não quando a frente baixa. Tens mais possibilidade de apanhar ondas se pagaiares com mais força mais cedo.

Quando sentes que estás na onda que querias, deves concentrar-te na direção ou no ritmo de pagaiada?
Assim que estás na onda, e tal como os surfistas, tenta manter-te no topo da onda e andar de um lado para o outro até estares alinhado com a onda seguinte. Pagaia apenas para conseguires isso e mantém a tua posição.

Então quando apanhas uma onda, relaxas e tentas manter-te no topo da onda?
Sim, quanto maior for a onda menos força deves fazer. Podes continuar a passar as pás pela água mas sem aplicar força.

Deves manter-te perpendicular à onda o mais possível?
Relembro que assim que apanhas a onda não queres ficar na perpendicular senão vais pela onda abaixo até parares nas costas da onda da frente. Vai de um lado para o outro até conseguires passar para a onda seguinte.

Como fazes a passagem de uma onda para a outra? Quando sabes que a surfada acabou e começas de novo a pagaiar com mais força?
Normalmente a surfada acaba quando a frente do surfski começa a levantar. Quando isto acontece deves começar a pagaiar com mais força porque todas as ondas têm cristas e cavas. Quando a frente do teu surfski começa a levantar a tua onda seguinte está alinhada atrás de ti (precisas de acelerar o teu surfski para a velocidade da onda que vem detrás).

Então o downwind é pagaiar tipo “sprint-descanso-sprint-descanso”?
Sim, é exatamente isso; é o melhor treino de séries do mundo!

Em condições ideais, qual a percentagem de pagaiada versus surfar?
Depende do dia: se as condições estiverem muito boas pode ser cerca de 20% a pagaiar e 80% a surfar as ondas. Quando está mais pequeno é mais 50/50.

Quando as ondas são pequenas (menos de 1 metro) devemos concentrar-nos no ritmo e apanhar ondas conforme as oportunidades? Ou devemos manter-nos focados em tentar apanhar o maior número de ondas possível, fazer a ligação entre elas, etc.?
As ondas pequenas que são lentas são um pouco uma perda de tempo porque elas só te ajudam porque estás a ir na mesma direção do vento. Com essas condições o melhor é pagaiares a um ritmo forte e constante e tentar aproveitar a ajuda dessas pequenas ondas. Se estiveres constantemente a sprintar para apanhar ondas que não te dão grande vantagem vais gastar muita da tua energia. Nota, no entanto, que pequenas ondas que se movem depressa podem ser uma grande ajuda - tipo as ondas laterais de um barco que passou. Tenta surfar nessas ondas o máximo possível na direção que tu queres ir.

Qual a maior surfada que já fizeste?
Eu diria algo entre 400 – 500 metros.

Qual a tua velocidade máxima em cima de uma onda?
O máximo que já atingi no oceano foram 56,6km/h. O meu km mais rápido no mar foi feito em 1 minuto e 59 segundos e a maior distância que fiz em 1 hora de downwind foram 21 km.

Fonte: Aqui

O que é um surfski?


O surfski é uma embarcação longa (cerca de 6 metros) e estanque, onde o canoísta se senta e utiliza para propulsão uma pagaia de duas pás. Tem um dreno de auto exaustão para escoar a água que se acumula junto ao finca-pés e é controlado por um sistema simples de leme com 2 pedais de direção.

O surfski é desenhado para lazer ou competição, especialmente em estuários ou mar aberto com vento a favor (Downwind) em percursos com largada e chegada em locais diferentes para testar a habilidade dos canoístas para usar as condições da água e vento a seu favor.

Porque é uma embarcação bastante versátil o surfski pode ser também utilizado em quaisquer superfícies de água, rios, barragens, lagos, etc. É rápido, divertido e muito seguro.